quinta-feira, 27 de junho de 2013

Repensar a polícia

O tamanho das manifestações de junho foi amplificado em reação à violência policial verificada nas ruas de São Paulo no dia 13 de junho. Contudo, esse é o recado menos ouvido das ruas. Sintomático disso é a afirmação de Márcio Lacerda, prefeito de Belo Horizonte, de que a polícia havia "prendido pouco".

Ontem um suposto vândalo foi preso por ter em casa um livro sobre a História do movimento punk. Nesta semana o Bope fez mais uma incursão violenta em favela, no Complexo da Maré, Rio de Janeiro. Ambas são práticas de um policiamento baseado no terror, que tem sido a praxe da Segurança Pública no Brasil desde a ditadura.

Pinheirinho, Belo Monte, Vigário Geral. Três exemplos de como a polícia faz na periferia todos os dias o que fez no centro de São Paulo em 13 de junho. Três exemplos de uma estratégia baseada no terror sobre o mais fraco.

E as posturas do Ministro da Justiça e do governador do Distrito Federal mostram que não há diferenças partidárias quando se trata do terrorismo de estado exercido por meio das polícias.

Esta polícia violenta e pouco estratégica no combate ao crime é um elemento chave de uma microfísica do poder no Brasil. Por um lado, ela se reproduz por meio da seleção dos perfis de policiais mais adequados a este formato. É comum policial fazer treinamento nós Estados Unidos e voltar impressionado com o armamento da SWAT - e não com as técnicas forenses de investigação. Corrupção e truculência fazem parte do DNA desta organização.

Por outro lado, esta polícia atende aos interesses de uma classe média e alta que quer distância da "gente diferenciada" das periferias. Mais do que combater o crime, a violência policial conta com endorsement de toda uma classe para a proteção de seu modo de vida. Isto inclui seus delitos - o que explica porque o tráfico de drogas não é combatido pra valer.

Contudo, há sinais de mudança. Tanto Belo Monte quanto a operação na Maré tiveram repercussão via redes sociais. Afinal, esta nova classe média - os batalhadores de Jessé Souza - cresceram, conquistaram algum acesso à cidadania, e agora querem respeito.

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