domingo, 25 de maio de 2014

Por que votarei nulo

O ambiente político está envenenado. Envenenado por correntes de desinformação e por polarizações irracionais. A lógica do medo e da calúnia atravessa o debate público, e nesse ambiente pessoas que buscam ter uma posição independente acabam sendo rotuladas. "Petralha!" gritam uns. "Tucanalha", gritam outros.
Diante desse cenário tomado pela estupidez, achei por bem explicitar minha posição e apresentar minhas razões. Espero assim padronizar uma resposta aos idiotas da falsa polarização. Se não dá para chamá-los à razão, talvez a leitura retrospetiva desse texto possa servir de denúncia prévia do mal que ameaça o exercício da cidadania.
1) O PT perdeu a capacidade de apresentar soluções e dialogar com os diversos setores da sociedade. O governo Dilma tem sido um desastre nos dois aspectos. Desastre nas soluções: estamos há quatro anos em estagnação econômica e nada mais é feito além de repetir as medidas fracassadas do passado, como controle de preços. Desastre no diálogo: empresários, sindicatos e movimentos sociais organizados reclamam da falta de interlocução.
2) Aécio e Campos tampouco representam as mudanças que o país precisa. Aécio se propõe ressuscitar a agenda liberal dos anos 1990, que gerou miséria e desemprego. Campos é uma incógnita. Além disso, seus governos estaduais são tão intervencionistas quanto Dilma no governo federal. Em Minas Gerais, o INDI decide onde o investidor abre sua fábrica, e quais recursos terá acesso.
3) No âmbito estadual, é inaceitável que o mesmo grupo político permaneça no poder por mais de 20 anos, especialmente quando se descobre a corrupção nas licitações de trens e metrô, ou quando a incompetência coloca a maior cidade do país diante do racionamento de água. Contudo, as opções não são melhores. O PT apresenta sua pior opção: um ministro medíocre de um governo medíocre. A outra escolha é um industrial sem indústria, que vem usando a estrutura da Fiesp para fazer campanha eleitoral, enquanto a indústria perde competitividade.
4) No legislativo, o voto proporcional cria uma armadilha. Se votar em um bom candidato, ajudarei a legenda a eleger um pilantra.
5) As opções extremas também não são opções. O golpe contra a candidatura Safatle em São Paulo mostra que não há diferenças entre a extrema esquerda e os grandes partidos. O mesmo pode ser dito da outra ponta, como Bolsonaro e o cara do PSC.
6) A grande responsável por este cenário é a falta de democracia partidária no Brasil. As manifestações desde junho mostram que o país demanda soluções criativas para gerar oportunidades na base da pirâmide. Mas esse clamor não encontra eco nos partidos. Por isso opções como Obama e Thatcher, que mudaram seus partidos de baixo para cima, não acontecem no Brasil.
Precisamos de uma melhor política, feita pelos cidadãos. Infelizmente, não teremos isso em 2014.